HIC ET NUNC
(2003-2005)
I
o dia anoitece
tudo muito claro
não tenho mais cuidados nem brandura
matei o Minotauro e Ariadne
fui ao cinema e voltei
encontro pessoas
e só tenho economia de palavras
quase nada
o mínimo de cada coisa.
II
para baixo
para cima
oscila o dia
tudo muito coloquial
manhãs frias
tardes quentes
noites.
III
os dias demoram
as horas continuam
uma depois da outra
escuto atenta
um silêncio
corre toda a casa.
IV
vivo em silêncio
como quem medita
insone, alheio a tudo
atenta aos mínimos
esboço de riso, gargalhada
como chicote
minha língua ataca
destroça tudo.
V
um dia vasto, imperfeito
pondero os enigmas
nem tudo pode ser dito
o mundo segue seu passo
e eu, circunspecta
faço volteios desnecessários
as coisas não ditas
por menos que merecidas
são coisas sabidas.
VI
enquanto todos dormem fico de vigília
deixo vestígios a olhos vistos
planejo ataques metafóricos
digo nada quando há algo a dizer
ingrata a cartografia do desejo
ele me olha de viés, vendo sem ver
o que haveria de ser visto.
VII
o outono se prolonga
fico fora de mim
os olhos impacientes
as órbitas quase um mar
o olhar do amor é cego
inflexível, sem trégua
treme como terra
corta como faca
corre como água
o corpo e sua alma.
(2003-2005)
I
o dia anoitece
tudo muito claro
não tenho mais cuidados nem brandura
matei o Minotauro e Ariadne
fui ao cinema e voltei
encontro pessoas
e só tenho economia de palavras
quase nada
o mínimo de cada coisa.
II
para baixo
para cima
oscila o dia
tudo muito coloquial
manhãs frias
tardes quentes
noites.
III
os dias demoram
as horas continuam
uma depois da outra
escuto atenta
um silêncio
corre toda a casa.
IV
vivo em silêncio
como quem medita
insone, alheio a tudo
atenta aos mínimos
esboço de riso, gargalhada
como chicote
minha língua ataca
destroça tudo.
V
um dia vasto, imperfeito
pondero os enigmas
nem tudo pode ser dito
o mundo segue seu passo
e eu, circunspecta
faço volteios desnecessários
as coisas não ditas
por menos que merecidas
são coisas sabidas.
VI
enquanto todos dormem fico de vigília
deixo vestígios a olhos vistos
planejo ataques metafóricos
digo nada quando há algo a dizer
ingrata a cartografia do desejo
ele me olha de viés, vendo sem ver
o que haveria de ser visto.
VII
o outono se prolonga
fico fora de mim
os olhos impacientes
as órbitas quase um mar
o olhar do amor é cego
inflexível, sem trégua
treme como terra
corta como faca
corre como água
o corpo e sua alma.
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